Realismo/Naturalismo
1) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) com relação às obras "Menino de
engenho", de José Lins do Rego e "O Ateneu", de Raul Pompéia.
(01) Em "Menino de
engenho", o autor retrata a infância de Carlinhos, cuja mãe é morta pelo
pai. A partir de tal episódio, o garoto é levado ao engenho do avô, onde
convive com muitas mulheres, entre elas Tia Maria e Sinhazinha.
(02) Sérgio, em "O
Ateneu", e Carlinhos, em
"Menino de engenho", são
personagens que, em primeira
pessoa, contam suas experiências
que envolvem também as primeiras descobertas a respeito do mundo dos
adultos.
(04) O menino Carlinhos, embora
também ingresse num internato, considera-se mais experiente que Sérgio, pois já era, segundo ele próprio, um
"menino perdido".
(08) Pode-se afirmar que há
uma diferença básica
entre Sérgio e Carlinhos. Enquanto
o primeiro, por viver em um meio urbano, já era conhecedor da vida, o segundo conservava a inocência de um menino criado na roça.
(16) Carlinhos, em "Menino de
engenho", tinha o afeto, o carinho e a proteção de Tia Maria, um anjo,
segundo ele. Da mesma forma, Sérgio, em
"O Ateneu", tinha o carinho de D. Ema.
(32) Em "O Ateneu",
Aristarco é o narrador da história. Ele conta as peripécias de um grupo de
jovens educados nos moldes tradicionais em um internato, longe das camadas
sociais inferiores, nas quais reinam a maldade, a violência e o crime.
(64) As obras "Menino de engenho" e "O
Ateneu" apresentam em comum, entre outros, os fatos de pertencerem ao
mesmo período literário, retratarem o mesmo período histórico, priorizarem a
análise psicológica das personagens e serem narrados em terceira pessoa.
Resultado da soma:
2) Eça de Queirós escreveu em 1901 o romance "A Cidade
e as Serras". A primeira parte da narrativa acontece em Paris; a segunda,
em Tormes, Portugal. Nessa obra, Eça se afasta do romance experimental
naturalista; abandona, então, no dizer de Antônio Cândido, a crítica ao clero,
à burguesia e à nobreza e dá apoio às novas camadas suscitadas pela indústria e
vida moderna. Está mais próximo das estruturas portuguesas que tanto criticara.
Assim, desse romance como um todo, não é correto afirmar que
a) desde o início, o narrador apresenta um ponto de vista
firme, depreciando a civilização da cidade.
b) o personagem José Fernandes (Zé) relata a história do
protagonista Jacinto de Tormes, valendo-se de sua própria experiência para
indicar-lhe um caminho.
c) Jacinto sofre uma regeneração em contato estreito com a
natureza, numa atitude de encantamento e lirismo e integra-se, por fim, na vida
produtiva do campo.
d) o personagem protagonista se transforma, mas sente-se
incompleto porque não consegue o amor de uma mulher e nem tem a possibilidade
da constituição de um lar.
e) o protagonista, supercivilizado, detestava a vida do
campo e amontoara em seu palácio, em Paris, os aparelhos tecnicamente mais
sofisticados da época.
3) No início de "Quincas Borba", a personagem
Rubião avalia sua trajetória, enquanto olha para o mar, para os morros, para o
céu, da janela de sua casa, em Botafogo. Passara de .......... a capitalista ao
.......... . Mas, no final do romance, o personagem acaba morrendo na miséria.
As lacunas podem ser correta e respectivamente preenchidas
por:
a) jornalista - receber um prêmio
b) professor -
receber uma herança
c) enfermeiro - se tornar comerciante
d) filósofo - investir em terras
e) enfermeiro - se casar com Sofia
4) Assinale a alternativa correta em relação a "Quincas
Borba", de Machado de Assis.
a) O título do livro, como esclarece o narrador, refere-se
ao filósofo Quincas Borba, criador do "Humanitismo".
b) Quincas Borba é apenas um interiorano milionário
explorado por parasitas sociais como Palha e Camacho.
c) Rubião é objeto de disputa amorosa entre a bela Sofia e
Dona Tonica, filha do major Siqueira.
d) Rubião, sócio do marido de Sofia, comete adultério com
ela sem levantar suspeitas.
e) Ao fugir do hospital, Rubião
retorna com Quincas Borba à sua cidade de origem, Barbacena.
5) Para responder às questões, leia o trecho de "O
cortiço", de Aluísio Azevedo.
"Jerônimo
bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita.
- Vem pra
cá... disse, um pouco rouco.
- Espera!
espera! O café está quase pronto!
E ela só
foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha
sido a mensageira dos seus amores (...)
Depois,
atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se contra o seu amado, num frenesi
de desejo doído.
Jerônimo,
ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente
daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de
baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir
esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e
macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e
borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos
os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e
arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os
membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de
anjos violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do
inferno."
A atração inicial entre Rita e Jerônimo não acontece na cena
descrita. Segundo o texto, pode-se inferir que ela se relaciona com
a) uma dose de parati.
b) a cama de Rita.
c) uma xícara de café.
d) o perfume de Rita.
e) o olhar de Rita.
6) O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de
Jerônimo,
a) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra.
b) é desejado com intensidade e lhes
aguça os ânimos.
c) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que impõe.
d) representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa.
e) é de sensualidade suave, pela não explicitação do ato.
7) O romance "A Cidade e as Serras", de Eça de
Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado
"Civilização". Do romance como um todo pode afirmar-se que
a) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que
fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria
trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
b) caracteriza uma narrativa em que se analisam os
mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de
Lisboa.
c) apresenta uma personagem que
detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico
da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a
aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
d) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da
província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e
alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país
com relação ao contexto europeu.
e) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por
amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia
lisboeta.
8) Assinale a alternativa em que, no trecho transcrito de
"Quincas Borba", se faz referência a Rubião.
a) Assim, o contato de Sofia era para ele como a
prosternação de uma devota. Não se admirava de nada. Se um dia acordasse
imperador, só se admiraria da demora do ministério em vir cumprimentá-lo.
b) Desde o paço imperial, vinha
gesticulando e falando a alguém que supunha trazer pelo braço, e era a
Imperatriz. Eugênia ou Sofia? Ambas em uma só criatura, ou antes a segunda com
o nome da primeira.
c) Era o caso do nosso homem. Tinha o aspecto baralhado à
primeira vista; mas atentando bem, por mais opostos que fossem os matizes, lá
se achava a unidade moral da pessoa.
d) Formado em direito em 1844, pela Faculdade do Recife,
voltara para a província natal, onde começou a advogar; mas a advocacia era um
pretexto.
Com base na leitura de "Quincas Borba", de Machado
de Assis, é CORRETO afirmar que o narrador do romance
a) adere ao ponto de vista do filósofo, pois professa a
teoria do Humanitismo.
b) apela à sentimentalidade do leitor no último capítulo, em
que narra a morte de Rubião.
c) apresenta os acontecimentos na mesma ordem em que estes
se deram no tempo.
d) narra a história em terceira
pessoa, não participando das ações como personagem.
9) "Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente.
E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada
folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada,
pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente
Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
Depois, muito gravemente:
- Tu dizes que na Natureza não há pensamento...
- Outra vez! Olha que maçada! Eu...
- Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está
poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas
certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe,
como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a
certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas
árvores à nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e
nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não
esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir
dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?
- Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o
temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante
de certos Jacintos..."
Eça de
Queirós, "A cidade e as serras".
Considerado no contexto de "A cidade e as serras",
o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o
elogio da natureza e da vida rural
a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o
Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da
natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era
desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as
intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores,
predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor
mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob
certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada
que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor
simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que
manifestara em seus primeiros romances.
Nenhum comentário:
Postar um comentário